Já começo numa "bad." Matei um cara hoje. Matei de novo!
Tranquilo. Guardem os biscoitos e me mandem só os cigarros. Não vou ser preso por isso (até porque, ninguém fica preso nesse país por matar). Meu xará, Roberto "Bob" é imaginário, um personagem do livro que eu não consigo escrever. O que sempre mata bob são duas doenças fatais para uma estória e/ou um personagem: inconsistência e incoerência. No caso dele, a doença é crônica. Penso que o Bob é tão alter ego meu que não podia ser diferente. Somos perdidos. A diferença é que o cara tem grana. E só. Ele não se resolve, não se explica. Ele ama tanto e tão intensamente sua musa que não percebe que não é digno dela. Não deveria, sabe que não deveria, mas ama mesmo assim. E morre me estendendo a mão, num pedido desesperado de socorro, querendo amá-la de novo e mais e sempre e tanto que mesmo em face do maior encanto... acaba morrendo sem alcançar seu intento. Morre miseravelmente, assim como nós todos morreremos. Mas morre sem nascer e isso me irrita como Deus. Não consigo criar minha criatura e a mato com o coração cheio de piedade e tristeza e as mãos sujas com sua fraqueza.Minha fraqueza.
Me lembro da cantada que dei na minha mulher (até hoje não acredito que ela tenha caído em tão sórdida esparrela!): Esmaguei uma flor vadia de jardim e perguntei se ela sabia qual era a vingança da flor. Disse que não. Informei-a - brilhante, o pequeno canalha - que a vingança da flor era deixar seu perfume na mão que a esmaga. PQP! Quando eu penso que isso funcionou, até acredito que Bob poderia se dar bem. Só que não. A mina é muito, mas muito foda! As duas são; a minha e a dele.
E ele é um bunda-mole. Assim, quinemquieu.
E fica na imagem do autor, Deus criador de todas as linhas e todos os parágrafos, a imagem do seu filho com a mão estendida em súplica. Pedindo mais uma chance de se resolver e se explicar enquanto desvanece, sem mais uma vez, mais de uma vez, quase ter sido feliz.
Talvez falte a Bob uma prece. Talvez lhe falte acreditar em Deus como a mim também acontece.
Se Bob existisse, eu queria muito que ele lesse essa postagem. Seria como ter acesso às Tábuas Sagradas de seu Criador. E ao passar a acreditar em minha existência, se tornar viável e me deixar escrever sua estória toda, até o fim.
Já dizia o poeta que somos cadáveres adiados que procriam... Personagens de um livro, conto, peça, são mais tristes. Não podem mudar seu destino, aprisionados nas paginas pétreas dos livros onde habitam. Sob os grilhões da mente que os cria. Adiamos sua morte pela quase-eternidade. Enquanto as traças não comerem o papel, eles existem. Enquanto os livros estiverem guardados em algum sótão ou porão, suas vidas estarão lá, contando a mesma estória. adorados por gerações ou esquecidos em pouco tempo. Ou pior: ignorados como um quadro de Van Gogh.
PS1: Bob, se você estiver lendo isso, saiba que eu não o ignoro. Creiam em mim e eu vos criarei.
PS2: O seu problema, meu caro personagem, é que eu amo sua musa muito mais do que você. E é isso que te fode.
Fora isso, continuo, duro, fodido, endividado e com uma porrada de gatos. Não é uma merda?
Em tempo: os comentários estão abertos. Pode postar. só não pode ser babaca que isso só quem pode sou eu. Meninas podem mandar beijo e cantada que eu gosto. Meninos..grande abraço, mano, blz, flw, vlws. E só. Quem come bofe é cachorro de pobre.
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